alexa_01A estrela de "Castle" Stana Katic se prepara para a primavera no estilo cigano
De Shakespeare a "Moonlightning", é sempre agradável ver um homem e uma mulher que combinam caírem de amores um pelo outro em meio a discussões verbais. A série da ABC "Castle" continua essa tradição - e com uma reviravolta. A série pode ter o nome do escritor de mistérios Richard Castle (Nathan Fillion), mas é a garota, a detetive da NYPD Kate Beckett (Stana Katic) quem manda. Ela é a chefe dele - quem tem o conhecimento, a determinação e o passado conturbado. Ele apaixonou-se por ela, mas ela o fez esperar - apenas quando estava preparada é que foi aparecer à sua porta.
"Beckett é uma dessas damas de Hawks - determinada, inteligente, capaz," diz Katic durante um intervalo da sessão de fotos. (Observação: ela adora o estilo anos 70 das roupas: "Há uma grande sensação de força e feminilidade nelas," diz.) Por "damas de Hawks" ela quer dizer mulheres espertas e dinâmicas que o diretor Howard Hawks apresentava em filmes como "Levada da Breca" ("Bringing Up Baby"), "Jejum de Amor" ("His Girl Friday") e "Uma Aventura na Martinica" ("To Have and Have Not").
"Personagens como Kate Hepburn e Lauren Bacall construíram, que Slim Keith era conhecida por ser; são essas as mulheres em quem baseamos Kate [Beckett]," diz Katic. "Ela é capaz de brincar com os garotos enquanto ainda é mulher e aproveita sua sensualidade."
Incorporada por Katic, Beckett tem sensualidade de sobra - cabelo ondulado, olhos de chocolate derretido, pernas longas em calças coladas e jaquetas justas. Ela também tem algo que suas predecessoras na TV tiveram que batalhar para conseguir: o respeito inabalável dos homens com quem trabalha. "Andrew Marlowe, o criador da série, acredita que o munda está disponível para as mulheres de minha geração, e das seguintes, de uma modo em que não estava disponível para as nossas mães," diz Katic, de 34 anos. "Não estou dizendo que mulheres não lidam com sexismo. Mas não há a questão de, 'Posso ser presidente?' É, 'Claro, posso fazer o que quero.'"
Foi essa a atitude que os pais de Katic - sérvios da Croácia que se conheceram quando estudantes em Londres antes de se mudarem para Hamilton, em Ontário [no Canadá] e, mais tarde, para Aurora, em Illinois [nos EUA] - a ensinaram desde o começo. "Eles encorajavam debates, conversas sobre política, história, matemática," conta Katic. Sua fala é pensada e comedida; ela pronuncia cada palavra com uma precisão como se falasse um novo idioma - o que faz sentido, já que ela fala seis: inglês, croata, sérvio, esloveno, francês e italiano. "Sempre pude ter uma opção e um ponto de vista, e expressá-los e investir neles. Essa é a história de minha família. Todos precisavam ser fortes. Como era imigrantes, tiveram que sobrepor barreiras de linguagem e recomeçar sem nenhuma segurança financeira num mudo completamente novo."
Seus pais construíram uma empresa de fabricação e venda de imóveis que serviu como o primeiro palco de Katic. Ela e seus cinco irmãos mais novos (quatro irmãos e uma irmã) transformavam o enorme armazém da família em seu playground, construindo castelos e pistas de obstáculos com as caixas dos móveis. Imaginativa e sonhadora, ela encorajava os irmãos a montar peças, fazendo o mesmo na escola.
"Sempre pedia à professora para fazermos uma peça. É tão bobo, agora que penso sobre isso," diz Katic, rindo. "Mas isso é muito o que me estimula. Amo explorar o significado de estar vivo através da imaginação, enteando na psique dos outros. Acho que todo ser humano tem a capacidade de expressar todas as emoções. Isso pode ser mais ou menos acessível a nós, dependendo dl quanto crescemos e temos de experiência de vida. A questão é ter empatia por outra pessoas, mas também se reconhecer nessa pessoa - o que talvez acabe sendo a mesma coisa no fim das contas."
Depois de estudar na Goodman School of Drama em Chicago, Katic ia e voltava entre Los Angeles e Canadá, fazendo pontas em séries de TV, filmes independentes e pequenos papeis em grandes filmes (incluindo "007: Quantum of Solace") antes de conseguir seu papel em "Castle" em 2008. Mas sua carreira ainda lhe parece surreal. "Parece que pode acabar a qualquer instante, então por que não aproveitar por enquanto?", ela raciocina. "E parece que estamos brincando. Há algo não-adulto quanto a isso."
O filme que gravou em seu último hiatus [de "Castle"], "CBGB", que será lançado nesta primavera, a levou à Nova York punk rock dos anos 70 e 80 e ao clube do Bowery que era o centro de tudo. Ela interpreta Genya Ravan, uma cantora de rock amiga do dono do CBGB Hilly Kristal (interpretado por Alab Rickman). "Aquela boate era louca," diz Katic sorrindo. "Pude ver fotos não publicadas e ouvir histórias de velhos roqueiros punks sobre as coisas incríveis que aconteciam por lá." Ela também passou algum tempo com a verdadeira Ravan, que ainda vive no norte da cidade e ainda canta, diz Katic, "nessa voz profunda, arranhada, meio Janis Joplin. Muita gente presumia que ela era negra, mas ela é essa maravilhosa imigrante judia da Polônia cuja família sobreviveu à Segunda Guerra Mundial. Ela tem uma longa lista de amantes roqueiros, shows que fez - historias incríveis."
Quando não está trabalhando, Katic ama viajar - mais recentemente para a Índia e Mongólia. "Foi interessante não ter nenhum tipo de compreensão da língua," ela diz. "Mas amo sair do radar, ir a lugares nos quais posso experimentar um mundo autentico, quase intocado. Sou quase que uma antropóloga por hobby. Passo muito tempo num mudo imaginário, então após uma longa temporada ou filme, é legal voltar à estaca zero e ver pessoas vivendo a vida de uma maneira simples e honesta."
Os únicos ingredientes que ela precisa para ser feliz, diz Katic, são seus amigos e família. "Amo amá-los, e ser amada por eles," ela diz. "O resto pode até acabar." É por isso que ela se recusa a falar sobre sua vida pessoal, e não diz nem se está num relacionamento. "A magia da minha vida pessoal é particular e maravilhosa e sou muito protetora em relação a ela," ela insiste. "Gosto de ir para casa e poder desfrutar disso."
Mas ela admite que está satisfeita com o romance entre Beckett e Castle, após anos de flerte. "Não acho que esses personagens podiam ficar mais tempo separados sem que parecesse forçado," diz. "Agora só espero que a série mantenha-se fiel à força de minha personagem, ao seu senso de individualidade. Para que um relacionamento seja interessante, você precisa desafiar, encorajar e amar um ao outro como iguais. É isso que acho interessante, é nesse personagem que investi. Então só espero que ela não vire a garota bonita que fica nos braços do cara divertido." Com Katic a interpretando, sem chances de isso acontecer.

*No original "Bohemian Rhapsody", uma famosa canção da banda Queen.

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