Larry Flick: É um prazer receber novamente em nosso estúdio a linda - e havia esquecido o quão alta - Stana Katic. Como vai?
Stana Katic: Muito bem, obrigada.
LF: É ótimo vê-la novamente.
SK: Obrigada.
LF: Da última vez que conversamos foi sobre seu filme "CBGB".
SK: Foi.
LF: Foi tão, tão bom vê-la fazendo algo diferente, e foi legal vê-la novamente na tela em geral. Stana Katic pode ser vista na série da ABC "Castle" nas segundas, às 22h. Essa série tem uma vida bem interessante, não é?
SK: É.
LF: No sentido em que, ela é uma dessas séries nas quais a pessoa popular não sucumbe aos elogios, e sim observa as pessoas. E no final das contas, não é isso o que importa?
SK: É.
LF: É um programa de qualidade que você e Nathan Fillion fazem um ótimo trabalho.
SK: Obrigada.
LF: Você... Você acha que as pessoas subestimaram o poder do que vocês faziam nessa série?
SK: Acho que, originalmente, a série era "A Pequena Locomotiva Que Podia" (livro infantil "The Little Engine That Could").
LF: Era.
SK: E demorou um pouco para a audiência descobri-la. E demorou alguns episódio para que nós encontrássemos nosso ritmo também. Mas, por sorte, tínhamos algumas pessoas no estúdio que nos apoiavam e nos mantiveram no ar. Acho que ela cresceu lentamente, ano após ano, e agora temos um grupo de espectadores significativo, e isso é legal.
LF: Há algum elemento que você possa indicar que tenha sido exatamente ao que as pessoas se apegaram? Claramente vocês dois têm uma ótima química, e a série é bem escrita. Mas o que... Há diversos ótimos atores com ótima química em séries bem escritas pelos quais as pessoas não se importam. Qual o diferencial dessa série, do seu ponto de vista?
SK: Acho que é uma combinação de coisas. Com certeza acho que - não é apenas o romance desses dois personagens, Castle e Beckett, que atrai as pessoas, mas também os personagens em geral. Nós temos um ótimo elenco, e isso ajuda porque eleva o nível das histórias. Essa não é uma série criminal comum. E, se parar para pensar, muitas histórias são mistérios. Até mesmo "O Senhor Dos Anéis" era um mistério, de certo modo. Então usa-se isso como o plano de fundo, o fator motivador para avançar a história. Mas enquanto você faz isso, conforme avança a história, você também pode se apoiar nesses personagens maravilhosos, então as pessoas conseguem se relacionar com as diversas coisas que acontecem ao longo da história. E acho que temos um maravilhoso... grupo em geral. Então é uma boa mistura. Tem um pouco de drama, um pouco de comedia e romance, e acho que isso é algo que acaba sendo como a sobremesa após o jantar para a audiência.
LF: Do que você gosta na Kate?
SK: É. Acho que ela tem muita integridade. Eu gosto dela. Eu admiro a personagem. Fico feliz que pude fazer parte disso, fazer parte de criá-la. Acho que ela é imperfeita, e por causa disso, é uma heroína para mim. Ela não tem todas as respostas, ela nem sempre faz o que é certo. Mas ela se esforça para fazer o seu melhor, apesar de seus fracassos. E acho que isso faz com que seja fácil se identificar com ela. Descobri que há muitas jovens garotas que admiram a personagem e querem ser, de certos modos, como ela. Tenho orgulho em fazer parte da criação de algo assim.
LF: Há algo no seu rosto, quando você está na tela como Kate, que é muito interessante. Parece que tudo se concentra no maxilar.
SK: É mesmo?
LF: É. Há algo nela que é... durona, o que é interessante, mas é tudo... É, estou com dificuldades em articular, mas adoro... Há certas tomadas suas nas quais realmente... Me parece que sua resistência, força, orgulho - ela é uma mulher muito orgulhosa - e me parece que tudo se concentra na linha do maxilar. Não sei. Você acha que sou louco, e tudo bem. Mas me parece que... Quando você está entrando na personagem, no que você pensa? Você fica tão ciente do corpo dela quanto nós que assistimos? Porque, obviamente, estamos vendo-a em ação. Ou você se perde nas palavras, nas motivações dela? Qual a primeira sensação que tem da Kate?
SK: A primeira sensação é sempre... a curiosidade, e a necessidade de saber e de solucionar a injustiça. Ela tem baixa tolerância - mais baixa do que eu tenho para com pessoas que estão do outro lado da lei. Então às vezes discordamos disso. Mas isso é um fator motivacional. Ela obviamente quer justiça para as vítimas, e prender um assassino ou vilão.
LF: O que a impede que ela se torne uma armadilha para você, como atriz? Porque a beleza de ter um trabalho fixo é, obviamente, poder pagar as contas e pode haver muito prazer em acrescentar nuances a uma personagem. Mas quando uma série se torna um enorme sucesso, ela pode se tornar também - como se diz? - algemas de veludo, certo?
SK: Certo.
LF: Como garantir que isso não aconteça?
SK: Interessante, isso é bem verdade. Especialmente com uma série criminal, fica muito fácil cair na mesmice do procedimento.
LF: É, porque se começa a pensar... Eu ficaria pensando no almoço...
SK: É.
LF: se eu não estivesse constantemente concentrado. E isso pode começar a dar dor de cabeça depois de um tempo.
SK: Há alguns episódio que, ocasionalmente, são focados em minha personagem. Neles, eu tenho a oportunidade de criar um crescimento. Mas nem sempre concordamos quanto a isso. Quando penso que conquistamos algo, um ou dois episódios depois eu descubro que, talvez, os roteiristas e produtores não pensaram do mesmo modo que eu. Então, o que eu acho que impede que isso se torne enfadonho e... redundante, é tentar focar nesses episódios específicos, tentar manter uma comunicação com os roteiristas e diretores, e tentar descobrir onde estamos e como podemos avançar com a personagem. E também, nos dias de episódios que não são sobre a minha personagem - que é a maior parte da temporada - eu tenho uma ou duas cenas com um ator incrível e podemos cair de cabeça nela, e estar presente e desafiar um ao outro para tentar algo um pouco mais único e ambicioso. Mas é uma dança. A TV é uma coisa muito interessante, pois há um elemento de maquinário nela, e às vezes esse maquinário não permite uma situação ideal para um indivíduo criativo explorar as coisas. Às vezes, é uma dádiva. Às vezes, não é. Às vezes é possível criar coisas incríveis com poucas ferramentas, mas às vezes isso pode ser um obstáculo. É uma dança constante.
LF: É fascinante ouvir sua opinião sobre isso, pois minha visão de você, como atriz, é de uma artesã. E, às vezes, a televisão não é assim. E mesmo quando as pessoas dizem que é, ela não é. É como quando se tem uma fantasia ou um sonho, e você cresce e vai fazer aquilo, e nem sempre é como você sonhou, não é?
SK: É
LF: Então, o que você acha sobre ser atriz em comparação com o que você achava que seria ser atriz?
SK: É diferente, dependendo do meio.
LF: É?
SK: É. Quero dizer, eu... tenho cenas ou projetos que são estimulantes, nos quais você é desafiada, e até mesmo aprende sobre si mesmo, pois a personagem ou as cenas te dizem algo sobre o qual você jamais pensou. Mas há projetos que são apenas pelo dinheiro. Não gosto de trabalhar por isso. Para mim precisa ser mais pelo lado criativo do que por qualquer outra coisa.
LF: Então como você lida com o lado de negócios? Com certeza você tem gente para cuidar disso por você enquanto você está submergida em seu trabalho, mas... Novamente, como sua alma lida com isso? Porque somos todos... Quando eu era pequeno, eu fingia ser DJ. E estar no rádio é muito diferente do que eu pensei, e, às vezes, por mais que eu ame - e vocês todos deveriam ter inveja de mim, pois tenho o emprego mais legal do mundo. Amo isso, amo o que faço. - mas às vezes isso esmaga a sua alma.
SK: É.
LF: Isso faz parte de ser um adulto. Então, como você lida com isso?
SK: Eu faço leitura de peças teatrais em minha casa.
LF: Jura?
SK: Sim.
LF: Meu Deus, que legal. São peças novas ou clássicos?
SK: É uma mistura.
LF: Jura?
SK: Sim.
LF: Isso deve ser a coisa mais legal que já ouvi. Você convida várias pessoas e fazem a leitura?
SK: É. E... Óbvio, vou assistir ao trabalho de outras pessoas. Tento ver o máximo de peças teatrais, óperas e filmes o possível - ainda mais o trabalho de gente que admiro. Tento me manter inspirada saindo pelo mundo e interagindo com ele em um nível criativo. Às vezes, só de ir a um museu já alimenta sua alma. Às vezes, entrar na internet e ouvir um ator falando sobre seu trabalho pode alimentar sua alma. E às vezes só de sentar com um idoso e conversar por algumas horas, isso pode ser maravilhoso.
LF: Você é uma artista tão à moda antiga.
SK: Ah, é?
LF: É sim. É adorável. Absolutamente adorável. Stana Katic está aqui conosco no The Jolt. Ouso perguntar qual foi a última peça que você leu? Você se lembra?
SK: Sim. Foi "Speed-the-Plow".
LF: Jura?
SK: Bem adequada, dada nossa conversa.
LF: Exatamente. [Risos] Você tem tipo, uma lista mental - me perdoe, mas estou fascinado por isso.
SK: Certo.
LF: Você tem uma lista mental de peças que gostaria de fazer?
SK: Sim. Faremos Ionesco a seguir.
LF: Boa.
SK: Não me lembro como se pronuncia, "The Future is in Eggs," algo assim.
LF: Ah, sei de qual você está falando.
SK: E a primeira se chama "Jack, or the Submission," eu acho.
LF: Nossa.
SK: Faremos uma leitura dessas duas juntas. "Spike Heels". Li... Era "Spaz"? Não. "Dusa, Vi, Stas" e algo mais. "Fish". [NT: "Dusa, Fish, Stas and Vi "] É uma peça feminista dos anos 60/70. Procuramos qualquer coisa que possamos... E nunca são as mesmas pessoas. São grupos diferentes de pessoas. Alguns colegas com quem estudei... Um antigo professor está por aqui, então ele vem e guia tudo.
LF: Meu Deus.
SK: É.
LF: Parece divino. Sinceramente, parece divino. Parece quando eu estudava teatro na faculdade.. Parece o tipo de coisa com o qual nós sonhávamos que nossas vidas de atores seriam. Quando eu era obcecado com peças de um ato de Sam Shepard...
SK: É.
LF: Os primeiros trabalhos de Mamet.
SK: Patrick Shanley.
LF: Meu Deus. Todos sonhávamos que seria assim.
SK: Certo. É. [Risos]
LF: E, claro, não foi assim para todos, mas... Parece que você criou esse mundinho, e ele parece delicioso. Fico feliz em ouvir sobre ele. Obrigado por nos contar sobre isso. Então... Jogando um balde de água fria em cima disso tudo. Por quanto tempo você acha que fará "Castle"?
SK: Eu não sei.
LF: Tipo, você olha para... Porque uma série de TV tem o que pode ser uma vida infinita. Ou há um momento no qual os atores e produtores dizem, "Vamos pensar nisso, enquanto ainda há dignidade." Isso passa pela sua cabeça?
SK: Acho que... Sabe... O que quer que seja decidido, acho uma boa ideia sair por cima.
LF: É.
SK: Então, contanto que tenhamos algo, uma história a contar - e contar bem - e ser passional por ela, então vamos nessa. Mas contar uma história apenas para... Apenas por contar, para manter a máquina em movimento, acho que essa não é a maneira de fazer as coisas.
LF: Você visualiza... Kate descobrindo tudo, ou você acha que ela ficará numa busca eterna?
SK: Pelo quê?
LF: Respostas para qualquer coisa. Acho que ela é uma mulher em uma missão. Ela completará sua missão?
SK: De certo modo, ela completou, pois solucionaram o assassinato da mãe dela na temporada passada. Então... Essa parte dela já completou-se. Nessa temporada, estão focando no personagem do Castle. Eles reformularam a mitologia da série ao acrescentar perguntas referentes ao personagem dele. Onde ele estava quando ficou 2 meses desaparecido? O que aconteceu com ele na floresta quando ele era criança? Então, acho que uma parte do mundo dela foi concluída, foi solucionada. Ela está nessa jornada com ele, questionando o que aconteceu com ele. Não sei se eles conseguem criar outros arcos para a personagem dela. Espero que consigam, pois isso a torna interessante. Mas, agora, o arco dela é ajudar Castle a descobrir o que aconteceu com ele.
LF: Bem, veremos. Enquanto isso, fico feliz em saber que você tem essa vida criativa próspera enquanto vive a vida de uma atriz trabalhadora também. Parabéns.
SK: Obrigada.
LF: Stana Katic. É tão bom vê-la novamente. Por favor, volte.
SK: Obrigada.
LF: E queremos encorajá-los a ver "Castle" nas segundas, às 22h, na ABC. Fiquem por aí, tem mais a seguir no "The Jolt".