AXN apresenta a nova série original da Sony Pictures Television, "Absentia". A estreia mais importante da temporada do canal, a série de 10 episódios é, por um lado, um thriller procedural no qual vemos a caçada por um assassino que tem uma marca registrada terrível - corta as pálpebras de suas vítimas; por outro lado, é um drama familiar onde Emily Bryne, uma agente do FBI que foi mantida refém e torturada por 6 anos, tentando recuperar o amor do seu filho, que agora tem uma madrasta.
Stana Katic interpreta o papel dessa agente do FBI que desaparece ao investigar o caso do assassino em série. Emily é declarada morta, mas após seis anos desaparecida, ela é encontrada em uma cabana deserta. Quando volta para casa, todo o universo que conhecia agora tem outras coordenadas: seu marido casou-se novamente, seu filho não a reconhece mais, seu irmão tenta sobreviver. Num todo, Emily não consegue se lembrar do que aconteceu com ela, e ela cai a um redemoinho que parece não ter fim.
O Cinemagia conversou com Stana Katic ("Castle," "007: Quantum Of Solace") no Festival de Televisão de Monte Carlo, onde o primeiro episódio da série "Absentia" fez sua estreia mundial. O primeiro episódio leva o espectador através de uma enxurrada de emoções - isso porque Stana Katic nos faz simpatizar com sua personagem. Emoções fortes se alternam com sequências de tortura chocantes. Mas nada parece mais doloroso do que reunir esta agente com o filho depois de 6 anos de ausência. Uma série extremamente promissora, se você gosta de emoções na telinha. Aqui está a entrevista dada pela atriz aos leitores da Cinemagia.
O quanto você se envolveu enquanto produtora executiva da série, e como isso te ajudou e atrapalhou na construção da sua personagem?
Eu participei do desenvolvimento da história, escrevendo diálogos e na edição final. Quanto à construção da personagem, não era não era um trabalho solitário, e sim uma colaboração construtiva. Nosso diretor nos guiou através da trajetória da história, foi um processo no qual interagimos com o estúdio, com outros produtores, trabalhamos até os menores detalhes.
Quanto às flutuações de emoções contraditórias pelas quais a personagem passa, como você lidou essa carga emocional? O primeiro episódio foi um turbilhão de emoções. Conte-nos algo sobre trabalhar esse passos de evolução emocional.
Foi muito desafiador, porque filmei os 10 episódios por vez. Então todo dia eu filmava, por exemplo, uma cena no episódio 5, depois uma do episódio 7, outra do 9. Tudo em um dia. Era como se gravássemos três filmes nos 62 dias em que filmamos a primeira temporada. Em uma cena, estávamos no tanque d'água, o tanque de tortura, e a seguir, estávamos correndo pela floresta...
Por que foi feito assim?
Porque precisávamos filmar em certas locações em determinadas datas. Não poderia ser depois. Alguns locais não estavam disponíveis depois. E ainda tinha o inverno para levar em conta.
Isso tornou seu trabalho muito difícil.
Sim, a situação toda foi cansativa. Mas estávamos prontos. Eu gostei. Eu passei um ar de autenticidade à personagem. A melhor parte é que isso é empolgante.
A cena no tanque d'água como uma forma de tortura foi, suponho, a parte mais difícil.
A proximidade emocional da situação e o fato de que esta parte extrema da história precisava ser documentada, pois é algo concreto, fez com que eu precisasse relacionar isso a uma história verdadeira, para entender a sensação disso para algumas pessoas na vida real. Como a tortura afeta a psique? Houve muito diálogo com o diretor, e muita conversa com pessoas que conheciam esses aspectos. Estudamos como as pessoas sobreviveram a situações extremas: situações de guerra e outras.
A cena do tanque d'água tem alguma ligação a um perfil criminal? Ou ela foi escolhida por seu potencial visual?
O que sabemos, a princípio, sobre o assassino é que ela corta os pálpebras das vítimas, e isso é informado na história antes da cena do tanque d'água. Para os investigadores, no entanto, esse tanque d'água é a única conexão com o assassino que eles têm.
Quais características de Emily você descobriu no roteiro e gostou imediatamente, e usou para construir a personagem?
Sua capacidade de sobrevivência. A maneira como ela passou por, e superou, tudo. Essa mulher vive de tudo. E também a maternidade.
Eu falei com um sobrevivente de Auschwitz que passou pelos eventos de lá, que me contou quais as qualidades que se deve ter para sobreviver. Eu também li histórias de gente que mudou o curso da II Guerra Mundial - espiões, soldados, enfermeiras. Todos foram sobreviventes que, diante de uma situação anormal, não se deixaram abater, eles seguiram em frente se tornaram pessoas melhores.
Você mencionou maternidade como um elemento que deu à personagem o poder de sobreviver...
Eu acho que o personagem em si é uma sobrevivente. Ela tem muitos obstáculos a superar. No entanto, o sentimento de parentalidade é muito forte. Como por exemplo, o personagem em "Busca Implacável" ("Taken") que faz de tudo para salvar sua filha. Esses personagens fazem tudo para chegar a seus filhos.
O primeiro episódio aumentou suas expectativas para a série?
Sim. Mas é difícil me manter objetiva. A parte mais legal foi a reação do público. Na estréia mundial do primeiro episódio, no Festival de Televisão de Monte Carlo, vi o público suspirando em algumas cenas, e observando a forma como os personagens reagiam na tela.
Você gosta de assistir seus próprios projetos?
Aprendi a olhar para a personagem no contexto da história como um todo. E eu sei quando fiz jus à história e quando eu poderia ter feito algo melhor. Aqui, fiz meu melhor.
Boston foi filmada na Bulgária...
A cidade não é exatamente uma personagem e sim um plano de fundo, e, de certo modo, não é natural. Tudo em nossa história, de alguma forma, não é natural. Os personagens são um pouco estranhos, a história é um pouco estranha. A Bulgária tem essa beleza, devido à sua natureza ainda intocada - como quando estava no meio de um arbusto de bétulas.
Haverá uma continuação para esta temporada?
Sim, 100%. O roteirista já tem uma direção muito clara para a 2ª temporada.