Locutor: Stana Katic acabou de chegar, e enquanto a música terminava, ele mencionou que estava abraçando animais selvagens. Como assim?
Stana: Eu estava fazendo um programa de entrevistas esta manhã, e um dos convidados levou animais selvagens ao set. Então eles me deixaram seguram e alimentar um guepardo, e brincar com um binturong e um pinguim...
Locutor: Você é louca! Você teve medo?
Stana: Não, nem um pouco. Eram todos filhotes - com exceção do pinguim. E...
Locutor: Nossa.
Stana: Eles são tão lindos.
Locutor: Mesmo?
Stana: E estão em extinção, principalmente o guepardo que estava lá. Então foi uma honra poder brincar com eles.
Locutor: Nem consigo imaginar a emoção que deve ter sido, mas eu sou medroso. Ia fica pensando, "Não me morda!" [Risos]
Stana: [Risos]
Locutor: "Não me morda! Por favor, não me machuque!"
Stana: A vaca é que estava mais interessada no leite que eu tinha em mãos do que o...
Locutor: Uau. Isso é legal.
Stana: É, uma grande honra.
Locutor: É em momentos assim que você percebe que tem uma boa vida, não é?
Stana: É. Com certeza.
Locutor: Que o trabalho que você faz leva a coisas legais.
Stana: A experiências extraordinárias, sim. Tenho muita sorte. E é bom ser lembrada disso, com certeza.
Locutor: Isso é muito legal. É muito bom tê-la aqui. É um prazer conhecê-la.
Stana: Obrigada.
Locutor: Stana Katic. É claro que vocês a conhecem de "Castle", da ABC. Nós adoramos. Diga a Nathan Fillion que o amamos.
Stana: [Risos]
Locutor: Desculpe. Precisava desabafar isso.
Stana: [Gargalhada]
Locutor: O Joey, de "One Live To Live". Como vai, Nathan?
Stana: [Risos] Um fã!
Locutor: Stana também está num novo filme intrigante e bem ousado, "CBGB".
Stana: É.
Locutor: Você interpreta Genya Ravan.
Stana: Sim!
Locutor: Que loucura!
Stana: É, obrigada. É.
Locutor: Que loucura. Ela era doidinha.
Stana: Ela é incrível. Ela...
Locutor: Que personagem!
Stana: Eu pude conhecê-la. E ela...
Locutor: Foi?
Stana: É, e ela ainda...
Locutor: Falando em ter medo, acho que eu ficaria mais à vontade segurando um guepardo do que conhecendo Genya Ravan.
Stana: É mesmo?
Locutor: É, porque naquela época, todo mundo ia vê-la no CBGB.
Stana: É. Conte-me sobre isso.
Locutor: Sou novaiorquino. Então o CBGB é uma grande parte da minha vida, enquanto crescia. E ela era uma dessas artistas que eram meio perigosas no palco.
Stana: Era.
Locutor: De um modo que... Como adulto, posso dizer que foi importante. Mas como adolescente entrando de fininho nesses clubes, eu morria de medo.
Stana: Tá, eu entrei de fininho no CBGB também.
Locutor: É mesmo?
Stana: Foi.
Locutor: Meu Deus! Quem você foi ver?
Stana: Escuta, eu tinha 17 anos. Eu não sabia nada de nada. Era minha primeira vez em Nova York. Eu estudava em Boston, e eu e minha colega de quarto fomos convidadas por um grupo de novaiorquinos que estudavam com a gente. Eles falaram, "Venham com a gente." Eles nos levaram pela cidade, e disseram, "Vamos a um clube e, com sorte, entraremos, é um lugar de música incrível." Eu não fazia ideia de nada na época. Era minha primeira vez em Nova York, eu não tinha ideia do que era CBGB, e de que era uma meca história da música. Só me lembro que havia uma banda de punk rock ótima tocando no fundo do clube, e me lembro de todos me dizendo para não usar o banheiro.
Locutor: [Gargalhada] Eles estavam certos.
Stana: Pois é.
Locutor: Era imundo.
Stana: Eu me lembro de estar muito feliz de ter entrado, porque fiquei séculos falsificando meu passaporte para conseguir...
Locutor: Mas você é alta.
Stana: Sou.
Locutor: Isso, instantaneamente... Você é alta e bonita. É claro que iria entrar.
Stana: Gentileza sua. Obrigada.
Locutor: É verdade, é verdade. Sou novaiorquino. Eu entrava em clubes ilegalmente desde os 14 anos. A altura era só... Altura era o ingresso.
Stana: É.
Locutor: Ou você tinha de ser alto, ou uma garota bonita, ou parecer ser gay. Eu tinha 2 dos 3. Eu era alto e parecia ser gay. Realmente... Como foi? Você lembra como foi estar lá? Você estava com medo?
Stana: Não.
Locutor: Porque o lugar era mínimo.
Stana: Era pequeno, e lembro que estávamos muito perto da banda, olhando para trás, para o bar. Não sei se na época... Acho que, agora que fizemos o filme, acho que Hilly Kristal devia estar lá. Mas não sei.
Locutor: Ele estava sempre lá.
Stana: É?
Locutor: Sempre lá. Então provavelmente estava.
Stana: Quando fizemos o filme, eles levaram o bar para Savannah, que é onde gravamos a maior parte do filme. Depois eles gravaram algumas cenas externas em Nova York. Mas eles levaram a maior parte do bar para lá, então gravávamos com as pichações e adesivos da época. Foi muito bacana.
Locutor: Isso é muito, muito legal. É engraçado, porque o CBGB Festival acontecerá aqui em Nova York nessa semana, então se estiver em Nova York, dê uma conferida. Mas o filme "CBGB" começará o que chamam de lançamento gradual na 6ª feira. Tive a oportunidade de assisti-lo, e ele é notável.
Stana: Obrigada.
Locutor: Realmente notável. E, dolorosamente, recria a experiência. Como alguém que esteve lá - e fui muito ao CB na minha época -, foi muito empolgante ver o filme.
Stana: Devo dizer que havia várias pessoas que, ou contaram as histórias, ou eram uma grande parte do clube, que estiveram nas gravações e mostraram fotos antigas do clube, que eles haviam escondido em cofres, nunca haviam sido liberadas, porque haviam prometido às pessoas nelas que elas nunca seriam liberadas.
Locutor: Claro, pois havia muito... O CBGB era um dos clubes - e há poucos assim em Nova York - em que as coisas que... O que acontecia no Studio 54? Pff... Amadores!
Stana: [Risos]
Locutor: Amadores. A parada séria acontecia no CBGB, Pyramid, e alguns outros lugares. Era lá que... Era onde o espírito do rock'n'roll, o espírito da juventude, o espírito de Nova York vivia.
Stana: Era.
Locutor: Novamente, como um novaiorquino, filho do rock, com 50 anos agora, ainda lamento por essa perda cada vez que passo por aquela vizinhança. O filme é quase como... Apesar de serem atores interpretando os papéis, é quase como uma cápsula do tempo.
Stana: É.
Locutor: É adorável. Então, como foi incorporar essa mulher louca, que, da sua própria maneira, deixou uma marca inalterável, não só naquele lugar, como também no rock'n'roll?
Stana: Me diverti muito a conhecendo e a interpretando. Na história, ela produz os Dead Boys. E ela tem um relacionamento maravilhoso com Hilly em nossa história. E, após conversar com ela, com Cheetah Chrome, e algumas das outras pessoas daquela época, como a filha de Hilly, por exemplo, passei a ter muito respeito por ela, e por todas as barreiras que ela derrubou. Quando conversei com ela, eu disse, "Nossa, você fez várias coisas que a Madonna eventualmente fez." E a lista segue depois da Madonna.
Locutor: Claro.
Stana: E ela disse, "É, alguém tinha que abrir as portas para que essas garotas pudessem passar depois." Foi muito empolgante para mim, primeiramente, fazer uma personagem que teve tanta influência e foi parte da ascensão do CBGB, mas também ter contado a história da líder da primeira banda de rock feminina. Achei isso muito impressionante e legal.
Locutor: Ela foi uma figura revolucionária. E é engraçado, porque ela fez o mesmo caminho que uma das minhas heroínas, Patti Smith.
Stana: Foi.
Locutor: E sempre senti como se Genya fosse... Fosse a equivalente mais pés no chão da Patti. Para mim, Patti é tão linda, e o que a faz linda é que ela é uma poetisa que não é tão esclarecida quanto ela acha que é. O que é a beleza dela. Sempre achei que Genya fosse pragmática em suas inovações. Ela sabia o que fazia, não acha?
Stana: Ela é muito...
Locutor: Muito ciente.
Stana: Prática, com certeza.
Locutor: É.
Stana: Definitivamente.
Locutor: Como essa personagem se encaixa no cenário do que você pode fazer como atriz, até agora?
Stana: Sabe, ser parte de um filme que é mais uma história do rock, acho que foi uma oportunidade de dar uma sacudida nas coisas. O que foi legal. Foi legal entrar num mundo onde vale tudo, que é o que aquele mundo era. E fazer parte dele, da maneira que fosse, era importante para mim. Quando soube que o filme ia sair, eu disse, "Por favor, eu quero ser... uma pequena parte dele, pelo menos." Foi maravilhoso poder trabalhar com Alan Rickman e todos os outros, pois tem um elenco maravilhoso...
Locutor: Claro. Você ficou nervosa? Porque esse é o tipo de filme que ou as pessoas amam, ou elas se esforçam muito para detonar e falar mal.
Stana: É.
Locutor: Principalmente quando vêem... Há...
Stana: Os heróis deles, é.
Locutor: É. Quero dizer. São pessoas que... Há muitas pessoas retratadas que ainda estão vivas. O CBGB virou terra santa para muita gente. Mas também, alguns dos atores que participam do filme são muito, muito talentosos, mas não têm uma imagem muito rock'n'roll. Você é uma boa atriz, mas imagino que tenha sido assustador para você. Deve ter sido assustador, no final das contas, pegar esse papel, pois algumas pessoas iriam dizer, "Aquela garota de 'Castle' está nesse filme. Sério mesmo?"
Stana: [Risos]
Locutor: Você sabe como as pessoas podem ser. Sabe como elas podem ser más.
Stana: [Risos]
Locutor: E julgam antes mesmo de terem a oportunidade de vê-la. Você ficou nervosa?
Stana: Acho que estava mais nervosa em interpretar alguém que, eventualmente, assistiria o filme. Fiquei nervosa com isso.
Locutor: Tenho certeza de que ela amou.
Stana: Acho que sim. Espero que sim. E também estava animada, mas ansiosa, para trabalhar com Alan Rickman. Mas acho que ele... Não pudemos nos aprofundar muito no grupo de ninguém, pois a história é sobre Hilly e o clube, e como o clube tornou-se o que era. Então ele é mais uma homenagem, de muitas maneiras. É mais sobre o espírito que levou àquele incrível acidente. Pois ele nunca quis que fosse um clube de punk rock, é claro. Quase todo mundo aqui em Nova York sabe disso. Mas poucos sabem disso no resto do planeta. Então acho que há uma grande oportunidade, através desse filme, de apresentar esse clube e educar uma nova geração de pessoas que vestem camisa dos Ramones e não sabem o porquê.
Locutor: Eu sei, isso me deixa louco.
Stana: [Gargalhada]
Locutor: Você anda pelo shopping - eu moro perto de um -, e você vê pessoas de 15 anos de idade usando camisas de punk rock, e você pensa que, por um lado, é incrível.
Stana: É.
Locutor: Mas por outro lado, você já ouviu a banda que está vestindo?
Stana: Exatamente.
Locutor: E isso me deixa louco. Então quando vi esse...
Stana: Você ouviu todas essas bandas? Tipo, pode me contar uma experiência?
Locutor: É!
Stana: Porque, como fã do estilo, eu quero saber disso.
Locutor: Comecei a ir ao CBGB com... 16 anos. E foi nos anos 70. E lembro-me de ver a banda Television lá.
Stana: Como foi isso?
Locutor: Foi realmente estranho.
Stana: É?
Locutor: Foi muito estranho. Foi um momento de experimentação para mim, pois eu era uma criança do pop. Fui criado no Bronx ouvindo a rádio WABC, que tocava pop chiclete. E cheguei a um estágio em que eu queria saber o que mais existia no mundo. Comecei a ler revistas e tal. Eu apenas... me rebelei e fui até lá sozinho, porque não tinha amigos que curtissem essas coisas.
Stana: Certo.
Locutor: Fui sozinho, era adolescente, então entrei ilegalmente. E fui puro acidente. Eu não planejei. Eu não sabia quem iria tocar. Só pensei em dar umas voltas e ver o que tava rolando. E lá estavam eles. Eu não entendia completamente na época, para ser sincero. Mas sentia como se precisasse decorar cada momento. Lembro que era escuro. Lembro de estar nervoso naquele aposento, pois parecia que o lugar se movia, quase como se as paredes não conseguissem conter...
Stana: A música.
Locutor: A música. Pois ela era altíssima, e o sistema de som era horrível.
Stana: [Risos]
Locutor: Mas por isso que o CBGB era tão legal! O sistema de som era horrível. Era muito mais pelo espírito, pela energia, a intensidade. Lembro de beber cerveja sendo menor de idade, e ser meio que empurrado na multidão. Foi bem incrível. Mas nunca vi os Ramones lá. Mas vi a Blondie, bem no começo.
Stana: Como foi isso?
Locutor: Isso foi muito legal. Disso eu lembro perfeitamente bem. Debbie Harry esta meio... Ela estava meio bêbada, meio que, "Estou aqui". Ela apenas cantou, nem se mexeu, porque acho que ela estava de mau humor.
Stana: Certo.
Locutor: Mas a plateia a motivou, e no final, ela já estava animada. Mas quando subiu no palco, foi meio que, "Que merda vocês querem de mim?"
Stana: [Risos]
Locutor: Foi bem assim. Fui [ao CBGB] inúmeras vezes. Então, ver o filme foi bem... Vou ser sincero, eu estava meio... Prove a que veio. E provou.
Stana: Obrigada.
Locutor: Parabéns. As apresentações... Sou um grande fã de Genya Ravan. A maioria das pessoas ouvindo deve estar se perguntando quem é Genya Ravan. Vocês precisam usar o Google. Aprendam sobre um grande nome do rock'n'roll.
Stana: Ela tem uma voz rouca incrível.
Locutor: É bem assim... Sabe?
Stana: Bem tipo Blues.
Locutor: É. Vendo você nesse filme me deixou bem animado. Pois sempre pensei que você fosse uma mulher bem talentosa, mas isso me fez pensa, "O que mais ela pode fazer?" Foi quase como se... Stana Katic está aqui conosco, e ao vê-la, pensei que era como uma jogadora de pôquer.
Stana: Está bem! [Gargalhada]
Locutor: E você joga sua mão com destreza. Estou animado para ver qual será sua próxima carta.
Stana: Obrigada.
Locutor: Essa é só a ponta do icebergue, não é?
Stana: Obrigada. [Risos]
Locutor: Olhe para você. Estou fazendo-a corar?
Stana: [Risos]
Locutor: Acho que estou fazendo-a corar! Você é tão fofa! Você é tímida? Você se consideraria tímida?
Stana: Não sei, talvez? [Risos]
Locutor: [Gargalhada] Você faz a Genya Ravan! Fala sério!
Stana: [Risos] É. E ela é ousada e atrevida. É incrível.
Locutor: Como foi... Você é muito gentil em sua maneira de falar, e é muito elegante. Como foi deixar isso de lado e entrar nessa mulher que, de certo modo, era quase como um homem. Ela tem uma energia masculina fortíssima.
Stana: É, ela é destemida. É empolgante, pois acho que havia elementos dessa personagem, e de Genya como pessoa, que acho que muitas garotas iriam se beneficiar. É impenitente. E gosto muito disso.
Locutor: O que foi... Quero dizer... O que você tirou dessa experiência, e que levará consigo e poderá influenciar outros trabalhos?
Stana: Esse é o tipo de filme no qual você pode incorporar outra pessoa. O modo como ela se mexia, e como ela falava, e como as coisas caem nela... é maravilhosamente livre, como se fosse a deusa da mãe natureza. E é destemido. Esses elementos... Disse isso há um segundo atrás, mas esses elementos são importantes. Como garotas, nos ensinaram a pedir desculpas o tempo todo. Você entra por uma porta e automaticamente diz, "Desculpa. Sinto muito. Pisei em você? Me desculpa, eu respirei? Me desculpa!" Sabe? E eu meio que gostei de trabalhar numa personagem que nunca pedia desculpas. Até mesmo li o livro dela depois, e ele é... tudo. Está tudo lá. E não se desculpa por nada. Ele é desgastado, e acho que há uma beleza em histórias incontritas. Adoro gente assim. São elas que, no final das contas, terão algumas cicatrizes que mereceram, e viveram suas vidas.
Locutor: Quer saber? Estou muito feliz em tê-la conhecido hoje. Como disse, já era fã do seu trabalho, mas fico ainda mais animado com o momento... Pois sinto que você está começando a mostrar algumas de suas camadas para nós. Mal posso esperar para ver o que você fará a seguir. Tem algo planejado sobre o qual possa nos contar?
Stana: Não no momento. Estamos no meios da temporada de "Castle", então isso me ocupa até o fim de março ou começo de abril.
Locutor: E como é isso? Ainda se diverte? É uma série tão divertida.
Stana: É ótimo. É... diferente. É muito leve, sabe? Os personagens estão noivos agora, então estamos passando por toda essas complexidades de ter duas pessoas noivas, com outras pessoas cheias de opiniões fortes ao seu redor.
Locutor: Mal posso esperar para seu próximo papel.
Stana: Obrigada.
Locutor: Porque quando as pessoas virem "CBGB", muitas mudarão de ideia.
Stana: Obrigada. [Risos]
Locutor: Não que elas precisem. Você me entendeu. Acho que quando a vemos em algo como "Castle", vemos uma protagonista, o que é maravilhoso. Mas você é... uma atriz de personagens secretos. É empolgante.
Stana: Obrigada.
Locutor: Obrigado por vir hoje.
Stana: Obrigada por me receber.
Locutor: Foi muito bom vê-la. Assistam Stana Katic em "CBGB", em exibição à partir de 6ª feira. E sempre digo que, em filmes que estreiam gradualmente assim, se não está passando na sua cidade, comece a pedir por ele, pois gerentes de cinemas prestam atenção a esse tipo de coisa. Fale, "Tem esse filme, 'CBGB', que tem um ótimo elenco. Quero vê-lo." Há chances de que ele passe-o. Fiquem por aí, que há mais por vir em "The Jolt".