Após passar 15 minutos ao telefone com a estrela de "Castle" Stana Katic ontem, uma coisa ficou muito clara: 15 minutos não foram o suficiente! Claramente, Katic e Kate Beckett, seu alter-ego da telinha na série da ABC, têm mais em comum do que a beleza estonteante e um sorriso arrasador. Por sorte (ou trabalho duro), Katic é aquele espécie rar em Hollywood que tem uma inteligência que se equipara à beleza. Foi a conclusão à qual chegamos após nossa breve conversa, que a atriz fez a gentileza de tirar um tempinho de sua agenda cheia para falar sobre o recente finale de "Castle," a primeira vez que conheceu Nathan Fillion, possibilidades de Emmy e, é claro, cabelo!

Por mais que eu odeie primeiras perguntas óbvias, não tem como escapar dessa. Beckett e Castle juntos: você é contra ou a favor?
Acho que esses dois personagens fazem muito sentido juntos. Eu entendo que, ultimamente, as pessoas acreditam que toda a tensão romântica e comédia acabarão quando um casal fica junto. Mas acredito que, estando juntos ou não, essa tensão e dinâmica sexual ainda deve estar disponível. Posso ser romântica demais, mas acho que se um casal fica junto, ainda há um tempero no relacionamento.

Concordo! Na verdade, sendo alguém que assiste muita TV, séries como "Parenthood" e "Modern Family" provam que casamento (ou relacionamento) não é o fim da comédia e drama, mas sim o começo. Será que já abusaram do "ficam-ou-não ficam" juntos?
Eu meio que concordo com essa ideia. Gente casada, ou que esteja junto, ainda podem ter esse bate-e-volta maravilhoso que um homem e uma mulher constantemente levam a uma história. Há tantos exemplos ótimos como "A Costela de Adão" ("Adam's Rib"), no qual Katharine Hepburn e Spencer Tracy têm uma dinâmica linda. Até mesmo algo mais recente como "Sr. & Sra. Smith" ("Mr. & Mrs. Smith"), onde eles são casados, mas um rebate o outro é tão sexy.

Após uma primeira temporada instável, "Castle" parece ter se encontrado na 2ª temporada. Você atribui isso a algo específico?
Toda série evolui ao longo dos anos. Lembro de assistir alguns dos primeiros episódios de "The Sopranos," e pensar que a premissa era fantástica, mas isso não necessariamente indica o que a série viria a se tornar. Acho que, no nosso caso, ainda mais em um ambiente de canal aberto, quem está no comando está focado em estabelecer a história, garantindo que as pessoas saibam do que a série se trata, e depois continuar contando isso novamente até ganhar uma certa audiência, para então seguir em frente. Este ano, pudemos crescer além da história original, e acho que essa expansão oferece novas histórias interessantes e crescimento de personagens, que acho que é algo que atrai todo mundo.

O criador Andrew Marlowe deu alguma indicação do rumo das coisas na 3ª temporada?
Acabei de sair de uma reunião com Andrew, e eles definitivamente estão nos estágios iniciais de desenvolvimento da história, criando a primeira leva de episódios e tentando descobrir como voltar das férias de verão. Um dos comprometimentos que eles fizeram, foi que eles adoraram as oportunidades dada pelo episódio duplo da temporada passada. Foi algo monumental de se fazer, teve muita ação, personagens extras, e foi um programa maior para nós. Mas acho que eles também tiveram um bom retorno em termos de resposta da audiência, então eles certamente estão comprometidos, na sala dos roteiristas, em criar outro episódio duplo. Quando acontecerá e quantos serão, eu não sei, mas tenho certeza de que eles querem criar algo que tenha riscos tão alto quanto. Além disso, para mim, foi divertido de fazer.

Foi divertido mesmo. Eu gostei, principalmente, quando Beckett viu que ela poderia ter sucesso tanto na carreira, quanto na via. Você gostaria de explorar mais a vida pessoal de Beckett na 3ª temporada?
Espero que sim. Como atriz, é a parte mais interessante de se interpretar. Acredito que Beckett seja muito mais parecida com Nikki Heat do que Castle imagina, e adoraria ver mais desse lado dela vindo à tona. Não apenas com os personagens falando disso, mas realmente ver isso em cena. É tão divertido interpretar o que há por baixo de um personagem em cena. Adoraria explorar isso.

Nessa temporada, "Castle" ganhará um novo concorrente no horário, o tão aguardado reboot da CBS de "Hawaii 5-0". Você já parou para pensar nisso, e se preocupa com a competição?
Sabe, acho que os espectadores que criaram uma ligação com "Castle" estão lá por um motivo. Algo como "Hawaii 5-0" é uma série totalmente diferente, e acho que vamos atrás de espectadores diferentes. Dito isso, tenho certeza de que os produtores estão cientes disso, eles são pessoas inteligentes. E se "Castle" é capaz - ao menos do meu ponto de vista - de encarar "CSI: Miami," isso significa que temos força e tenho certeza de que isso nos ajuda a manter a audiência.

Uma das coisas que me faz voltar a "Castle" é a química entre você e seu coprotagonista, Nathan Fillion. Isso foi algo no qual vocês tiveram que trabalhar, ou estava lá desde o começo?
Há algumas coisas que criam uma boa química com um coprotagonista. Antes de mais nada, um desses elementos é o roteiro. Se você tem o texto para ter uma dinâmica boa com ele, essa boa fundação trás à tona uma química natural. Então começamos aí, nesse jogo. E uma das coisas sobre as quais falei com Andrew Marlowe da primeira vez, tentando descobrir coisas como tom e o rumo que ele queria para a série, ele mencionou a série de filmes "Acusados" ("Thin Man"), que é uma série muito antiga com Myrna Loy e William Powell, que tinha um diálogo maravilhoso e um jogo entre o cara e a garota. E é claro, tem a questão da pessoa com quem você interage. Nathan [Fillion] vem fazendo televisão há muito tempo, ele fica muito à vontade nesse meio, mas ele também tem uma ótima noção de dinâmica, então é legal poder entrar em algo assim com alguém como ele.
Vou contar sobre uma das minhas primeira experiências com Nathan, e não sei se ele já ouviu essa história... Eu estava fazendo teste para o papel [de Beckett], e na época eu morava em Newport - que, para quem não conhece a região de Los Angeles, fica bem distante de LA. Não tive tempo de comprar a blusa certa, então peguei uma blusa que já tinha e pensei que daria um jeito. Quando cheguei ao local do teste, eles estavam fazendo cabelo, maquiagem, mexendo com minha roupa, e é claro que não tava rolando. Lá estava eu, tentando não me estressar com isso porque estava prestes a ir para a frente da câmera para cerca de 40 ou 50 pessoas dentro de uns 10 minutos. Então saí, peguei uma tesoura do cabeleireiro, e pensei que, se achasse um espelho, poderia cortar eu mesma. Lá estava Nathan pegando um café, e ele diz, "Ei, como vai?" E eu, "Você pode me ajudar um instante?" Ele responde, "Claro, que passar umas falas?" E eu, "Não. Você consegue cortar em linha reta?" Ele para e diz, "Posso tentar, mas não prometo nada." Então ele corta a minha blusa, tirou a parte de baixo que era tipo uma túnica, e é engraçado porque os produtores pegaram nós dois como parceiros no crime, e pensei que isso era um gostinho maravilhoso do tipo de camaradagem que haveria no futuro da série.

De acordo com seu perfil no IMDb, com 56 episódios, Beckett é o papel que você interpreta a mais tempo. Como você mantem as coisas interessantes e novas, entrando na 3ª temporada?
É, eu sei! Acho que, quanto mais a fundo entramos na vida pessoal de Beckett, mais interessante é para mim, como atriz. É claro que é meu trabalho manter as coisas interessantes para mim e para as pessoas assistindo. Mas como atriz, você só quer atacar uma cena que já pode ter feito de umas 30 maneiras diferentes, e descobrir uma 31ª maneira. É uma coisa do dia-a-dia e a vida te influencia de modo diferente, e acho que, conforme exploramos mais sua vida privada e tiramos mais camadas dela, haverá ainda mais coisas a fazer. Acho que encontramos um ritmo ótimo na temporada passada, e esse ano eles poderão construir em cima disso ainda mais, pois sabem mais do que sabiam no ano passado em relação ao que funciona e onde estão as nossas oportunidades.

Como você pode ou não saber, as indicações ao Emmy saem no final desta semana. Você pensa muito em premiações?
Sabe, acabei de voltar da França, onde estava gravando um filme, e conforme passamos pelo norte e sul do país, nós passamos pelo Festival de Cinema de Cannes, e pensei, "Nossa, seria fantástico ir a Cannes e fazer parte de um filme que estivesse sendo exibido lá." Mas nem consigo imaginar o conceito de ser individualmente selecionada para algo assim, isso vai além da minha imaginação a essa altura, para ser sincera. Acho que só de fazer parte de um projeto que é reconhecido e amado, já é uma grande honra. Ainda mais por tantas premiações que tem por aí, criadas por colegas, criadores de filme e televisão; é uma grande honra ser vista como algo que é um bom entretenimento e que vale à pena ser visto por colegas atores e diretores.

Eu sinto muito por terminar essa entrevista de um modo meio vergonhoso, mas os fãs vão me matar se eu não perguntar o que, provavelmente, é a pergunta mais idiota da minha carreira... O cabelo da Beckett - que, a propósito, os fãs amam - passou por uma grande mudança de estilo entre a 1ª e 2ª temporadas. Os fãs devem se preparar para mais uma mudança na 3ª temporada?
(Risos) Tenho um pressentimento de que haverá uma mudança, então preparem-se!

Há verdade no boato de que você irá tentar o visual Justin Bieber?
(Risos) Talvez eu tente um falso moicano!