Muitos de nós que já usaram transporte público já passaram por "momentos desagradáveis," desde atrasos irritantes, a cheiros desagradáveis, a assédios e toques inapropriados (ou muito pior). Mas a porcentagem de pessoas que realmente denuncia ou faz uma reclamação oficial continua baixa. A maiorias dos passageiros — incluindo nós — tenta ignorar os problemas, enfiam os narizes em livros e celulares, ou saltam na estação errada para evitar se envolver.

Mas há um movimento em Los Angeles que encoraja os passageiros a se manifestarem. Na noite de 2ª feira, o Metro e o Alternative Travel Project apresentaram o encontro In Her Shoes: Women in a Car-Free LA From Using The System To Running It (No Lugar Dela: Mulheres numa LA Sem Carros, Desde Usar o Sistema a Comandá-lo) no Maker City, no centro da cidade. O evento juntou funcionários do departamento de trânsito, passageiros, conhecedores das diretrizes, e outros interessados em compartilharem recursos e informações, e em conversar sobre o que pode ser feito para que mais pessoas — mulheres especificamente — se sintam mais à vontade para escolher um transporte sem carro.

Enquanto o evento patrocinado pelo ATP e Metro focou em questões de segurança, os painelistas — conduzidos pela ativista, atriz e fundadora do ATP Stana Katic — também falaram sobre suas histórias pessoais de transporte e vida sem carro, sobre o uso de tecnologia; debateram novos projetos do Metro, a atitude da Geração Y em relação a transporte público, benefícios para a saúde ao sair sem carro e, o mais importante, recursos a serem compartilhados e maneiras de o público se envolver para melhorar o sistema de transporte em Los Angeles.

Aqui estão 8 dos melhores momentos do evento:

  • Lembre-se de que o sistema é nosso. Lindy Lee, Diretora Executiva Adjunta do Metro, disse que passageiros podem influenciar e até mesmo mudar trajetos. As pessoas podem enviar emails ao Metro ou ir a audiências públicas para ajudar a determinar se o sistema está servindo às suas necessidades e nos locais adequados. "Não é o sistema do Metro. É de vocês."
  • O trajeto casa/transporte público/destino é tão crucial quanto o resto da viagem. Margot Ocanas, Coordenadora de Pedestres do Departamento de Transporte de LA (LADOT), discutiu a necessidade de caminhos mais seguros para os passageiros que andam após salta de um ônibus ou trem. Ela falou sobre melhorias na engenharia e sobre calibrar os sinais de trânsito para que os pedestres tenham um tempo de vantagem na travessia, o que pode melhorar sua visibilidade para os motoristas.
  • Dicas de segurança pública. Ronene Anda, chefe da Divisão de Policiamento de Trânsito do Departamento do Xerife de LA (LASD), ofereceu à plateia um conselho prático para andar no transporte público com segurança ("Se você parece estar perdido, você parece uma vítima."). Ela também ressaltou a necessidade de público ajudar a LASD. "Vocês podem imaginar o que poderíamos fazer se soubéssemos a respeito."
  • A tecnologia pode nos deixar mais seguros. Anda também falou do uso de tecnologia — incluindo 10 câmeras em cada ônibus — para ajudar os passageiros a se sentirem seguros. Anda ainda indicou à plateia que visitasse o site da LADOT para informações em tempo real sobre linhas e serviços de alerta. Ela recomendou usar o aplicativo do Metro "Transit Watch," que permite que os passageiros se comuniquem anonimamente com os xerifes do Metro sobre atividades suspeitas ou problemas na qualidade da viagem. Ela ainda reiterou o uso do número 888.950.SAFE (7233), que é uma linha direta com a central do xerife. (Se você não tem celular ou não tem sinal, você pode usar telefones de emergência na estações, ou pedir ao motorista do ônibus ou ao operador do trem para entrar em contato com o Departamento do Xerife.)
  • Jovens Angelenos estão abrindo mão dos seus carros — por vontade própria. Shauna Nep, Diretora de Comunicações e Inovações da Fundação Goldhirsch, falou sobre uma "mudança cultural" em relação ao lar, e sobre a Geração Y e carros, e como mais jovens adotam estilos de vida sem carros (além de Uber e Lyft).
  • Menos carros nas ruas faz bem para a saúde de todos. James Haw, Diretor de Estudos Ambientais na faculdade USC, falou sobre o impacto na saúde ao se ter menos carros na ruas, e reiterou que os dados mostram que pessoas que vivem ou trabalham perto de rodovias tem maior exposição a emissões de gases e partículas, o que leva problemas de saúde mais diversos e graves, incluindo parto prematuro, asma, função pulmonar reduzida em crianças, ataques cardíacos, entre outros. Ele acrescentou que emissões de automóveis podem ser reduzidas se mais pessoas deixassem o carro em casa e se esforçassem para se adaptarem a um novo comportamento usando o transporte público.
  • Histórias pessoais. A estudante universitária de LA Valeria Ceballos falou sobre sua experiência cotidiana — tanto boa, quanto má — e como o Metro e o transporte público é essencial para sua independência e mobilidade. Luba Katic, do Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas de Ontário, Canadá, (e tia da Stana), falou sobre sua escolha de viver uma vida sem carro. Sua família está sem carro desde setembro, e ela disse que por mais que essa escolha não tenha sido fácil — ainda mais quando mostrou à plateia o terrível inverno de Toronto —, ela acha que a economia e o tempo extra com os filhos valem à pena.
  • Referência a Star Trek. Encerrando o encontro, Stana Katic — passageira do transporte público, que fundou o ATP em 2010 para encorajar as pessoas do mundo todo a "sairSEMcarro" por um só dia e a encorajar os responsáveis pelo sistema a criarem uma infraestrutura segura — escolheu uma citação do "filósofo Jean-Luc Picard," que disse que se podemos ensinar as pessoas a "enviar transmissões através da galáxia, podemos ensinar uma criança a pegar um ônibus até Studio City."