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Faltando menos de 10 dias para a estreia de "Sister Cities" no Traverse City Film Festival, tive a incrível oportunidade de entrevistar Colette Freedman, autora da peça que inspirou o filme, assim como a responsável pela adaptação do roteiro para o longa.

"Sister Cities" conta a história de quatro irmãs - cada uma com o nome da cidade onde nasceu - filhas da mesma mãe mas de quatro pais diferentes. Cada uma vive sua vida e elas não tem muito contato entre si, mas se veem obrigadas a retornar para a casa onde cresceram após o aparente suicídio da mãe. Você pode ler mais sobre o filme na nossa página dedicada a ele, e também comprar o roteiro da peça para ler (em inglês) em indietheaternow.com/play/sister-cities (US$1,29).

Com base na peça e no pouco que vimos do filme através de matérias no set e fotos das gravações, conversei com Colette sobre a experiência de adaptar o roteiro, mudanças que podemos esperar, e a participação de Stana no projeto. Confiram a seguir - cuidado! Pode conter spoilers da trama!

 
Stana Katic Brasil: Você escreveu tanto o roteiro da peça, quanto a adaptação para o filme. Na peça, tudo acontece dentro de poucas horas, com apenas um flashback para algumas semanas antes, que mostra a mãe já doente, interagindo com uma das filhas. Pelo que vimos do filme, ele vai além disso. Nós vamos à infância das meninas, além de as vermos já crescidas, todas juntas em família, com a mãe aparentemente saudável. Você criou essa história "extra" para o filme, ou era algo que você já tinha em mente, mesmo que não estivesse no roteiro da peça?
Colette Freedman: A versão em filme de "Sister Cities" me deu um oportunidade incrível de dar uma história ao passado dessas mulheres extraordinárias... de mostrar o momento exato em suas vidas nos quais elas perderam a inocência e, então, formaram suas personalidades adultas. Antes de escrever o filme, eu escrevi o livro que me permitiu ir mais afundo em seus passados individuais e coletivos, formando a base do roteiro do longa.

SKBr: Além dos flashbacks mencionados acima, quão fiel é a adaptação da peça em filme? Já que você escreveu ambos roteiros, seria de se esperar que a história seria a mesma. Você deixou algo de fora, que não funcionou em cena, mesmo que tenha funcionado bem no palco? Ou o roteiro é mais inspirado na peça do que adaptado dela?
CF: Há várias diferenças no filme, mas ele ainda é fiel à história original. O teatro depende de palavras: um diálogo dinâmico, personagens fortes e uma história atraente. No filme, o visual é o mais importante. Por sorte, tive dois colaboradores extraordinários em minha jornada criativa para levar "Sister Cities" para a telona: o produtor executivo Alfred Molina, que foi parte desse projeto desde o primeiro dia, e eu nos jogamos no roteiro e fomos página por página condensando e limpando. O diretor Sean Hanish, que tem um verdadeiro dom para criar uma fotografia magnífica, incorporou seus próprios artifícios para contar uma história, então perdemos um pouco do diálogo para abrir espaço para algumas composições de tomadas incrivelmente lindas.

SKBr: Eu já conhecia todas as atrizes que interpretam as irmãs de trabalhos anteriores e, quando li a peça, achei bem fácil imaginá-las em seus respectivos papeis. Você passou um tempo com elas no set e as viu interpretando. Qual a semelhança delas com suas personagens? Você alterou alguma característica das irmãs após conhecer as atrizes, baseada em traços das personalidades delas?
CF: Já vi essa peça mais de uma dúzia de vezes em diversos idiomas, e as atrizes sempre foram surpreendentemente diferentes. Stana, Jess, Michelle e Troian são atrizes tão experientes; elas deram a quantidade exata de profundidade e expansão aos seus papeis, mas ainda assim dando seus toques pessoais. A personagem mais diferente na hora de escalar, em todas as produções, geralmente é a Dallas... e o filme não foi exceção. Já vi todos os tamanhos, formas, etnias e atitudes interpretando a professora reprimida com um segredo sombrio. No filme, Michelle como Dallas provavelmente é a mais diferente da personagem no papel, e Michelle Trachtenberg se jogou de cabeça, sem medo, no papel, dando sua cara e trazendo uma nova faceta, força e humor à Dallas.

SKBr: Já que somos um fã site da Stana Katic, preciso perguntar: como foi trabalhar com ela? O que você acha que ela deu à Carolina que outras atrizes não dariam?

CF: Stana é uma profissional. Se você perguntar a 100 pessoas que já trabalharam com ela que palavra a descreve melhor, acho que a maioria diria "profissional". Ela é comprometida à sua arte, dedicada ao trabalho e ansiosa para sair de sua zona de conforto quando imerge na personagem. Carolina é uma personagem incrivelmente complicada, que precisa ser o compasso moral da história e ainda ser simpática para o público. A personagem deve passar por uma jornada emocional incrivelmente complicada em um curto período de tempo, e Stana dominou as nuances caóticas de vulnerabilidade e força que definem Carolina.

SKBr: A história tem uma temática bem pesada - abordando ELA e suicídio assistido - mas ainda consegue ter momentos bem leves e divertidos, mesmo que com um pouco de humor negro. Você teve algum receio quanto à reação das pessoas a ela? Você considerou deixá-la mais leve em alguns aspectos e/ou mais séria em outros - seja na peça ou no filme?
CF: Nunca me preocupo com reações; acho que artistas não podem [se preocupar com isso]. Nosso trabalho é contar a história que queremos contar e torcer para que as pessoas sejam afetadas por ela. Minha prima Joycie teve ELA e minha melhor amiga Jill (que interpretou Mary na peça original) tem Alzheimer - AMBAS são doenças horríveis e é incrivelmente importante, para mim, expressar criativamente meus sentimentos sobre essas sentenças de morte e minha opinião de que as pessoas que as sofrem deveriam ter uma escolha. Me sinto muito sortuda por Jess Weixler ter interpretado Austin, a âncora do filme, porque ela é o tipo de atriz que consegue equilibrar humor e tragédia com muita fluidez.

 
Além de "Sister Cities," Colette também esteve envolvida em outras duas produções cinematográficas: "Quality Problems", uma comédia sobre câncer co-produzida por ela e dirigida por Brooke & Doug Purdy, que está nos estágios finais de pós-produção e deve ser distribuída em festivais em breve, e "And Then There Was Eve", uma história de amor transgênera, dirigida por Savannah Bloch e que começará a ser filmada semana que vem. Ela também lançou recententemente o livro "Anomalies", escrito em parceria com Sadie Turner e que está disponível na Amazon.

Deixo aqui meu MUITO obrigada à Colette por ter tomado um tempo para conversar comigo e por toda a sua paciência. "Sister Cities" estreará dia 29 de julho Traverse City Film Festival e, aparentemente, chegará aos cinemas estadunidense dia 2 de setembro, mas confirmaremos essa notícia quando tivermos mais informações sobre a distribuição do filme tanto nos EUA, quanto em mercados internacionais.


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