Quero sofrer por quatro temporadas aos caprichos desse escritor, lindo porém irritante.
O que mais quero é ser Kate Beckett, com essas pernas eternas que parecem ter crescido com o único propósito de usar esses sapatos de salto alto que são como pedestais de glamour, e usá-los para perseguir bandidos como se fossem tênis para correr a maratona de Nova York. Quero ser independente, forte e linda, sorrir sem medo de ficar com rugas, e carregar minha Glock 37, calibre .45, como se fosse a fechadura da caixa onde guardo meus segredos mais inconfessáveis. Inteligente e irônica, com o descaso de quem confia em si mesma.
Sonho em ser essa detetive sexy, como se por acaso, com dois companheiros que, no fundo, são subordinados e aceitam isso sem questionar sua condição ou formação. Amigos leais que se transformam em fiéis escudeiros em caso de perigo ou necessidade. Ser a policial mais jovem e inteligente, a que resolve mais casos, sem ter medo de colocar em risco minha integridade pessoal - sem comprometer a moral -, e quando necessário, colocar para fora a fera que carrego dentro de mim num interrogatório.
Chegar à delegacia como se fosse posar para a cara da Vogue, mas sem sentimentos de superioridade ou vaidade, e, se a investigação exigir, usar um vestido de noite como se fosse um tapete vermelho hollywoodiano estivesse à minha espera mas, ao mesmo tempo, não pestanejar diante de um nojento cadáver esquartejado.
Fingir que me incomoda e me enlouquece o fato de um escritor famoso de best sellers me perseguir por toda Nova York desde a primeira vez que o algemei pela primeira vez, e isso porque ele viu em mim qualidades necessárias para ser sua musa: uma mistura de femme fatale com Colombo, com capítulo de cumplicidade tórrida. Atingí-lo com uma dialética de veludo, e de vez em quando reconhecer sua utilidade solucionando crimes. Estar prestes a morrer ao seu lado, ou salvar sua vida.
Caminhar entre meu drama pessoal do assassinato de minha mãe e minha obrigação com a sociedade, sem jamais colocar meus desejos, gostos ou necessidades acima de minhas obrigações. Pura honestidade e justiça, sem deixar de dar voz àqueles que já se foram. Ter empatia com as famílias das vítimas e não sucumbir a um caso difícil que apareça.
Quero sofrer por quatro temporadas aos caprichos desse escritor, lindo porém irritante, e quando finalmente ceder a seus encantos, na 5ª temporada, que não seja pelos feitos de um atreviso escritor, mas sim por vontade própria, porque a história que vivo leva-me direto a ele, seja num jogo a la "Janela Indiscreta" ou sendo a namorada de um gãngster dos anos 40; seja sendo uma boa amiga, ou a mulher dos seus sonhos.
Não me resta dúvidas, quero ser Kate Beckett, detetive da polícia de Nova York, musa de Richard Castle.
Obrigada à @biancafilizola pela dica!

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